CAPÍTULO 1
Considerações sobre o feitiço
PERGUNTA: — Poderíamos conhecer a vossa opinião
sobre o enfeitiçamento, o qual tanto é negado como reco-
nhecido por muita gente? Não estaremos fazendo solicita-
ção inoportuna e inconveniente?
RAMATIS: — Cremos que a vossa mente já deve se
encontrar bastante capacitada para tratar de assunto tão
importante como é o feitiço. O progresso da Ciência e da
Técnica do mundo terreno, no século atual, já vos permite
compreender e comprovar que a maioria das superstições,
lendas, crendices, práticas de magia e de alquimia, incom-
preensíveis no passado, possuem algo de científico. Atual-
mente, a própria Parapsicologia, disciplina científica de
investigação moderna, progride satisfatoriamente buscando
solucionar os fenômenos habituais do psiquismo, indepen-
dente de conclusões a priori, mas estudando-os pelos fatos
que indiquem uma atividade ou origem científica. Mas pre-
cisa evitar, sensatamente, a tendência perniciosa de manejar
a ciência a serviço de uma crença espiritual ou através de
um preconceito religioso.
1
Deste modo, também poderá
estudar e pesquisar o fenômeno do enfeitiçamento.
l — Aliás Ramatis tem razão em endossar tal conceito, pois o estudo da
Parapsicologia é evidentemente suspeito quando o parapsicólogo o faz sob algum
condicionamento religioso, como acontece na França, em que a escola parapsicoló-
gica chefiada por Roberto Amadou só admite válidos os experimentos que satisfa-
çam as explicações católicas. Atualmente, a investigação parapsicológica mais
sadia, ainda é a chefiada por J. B. Rhine, em USA.Ramatis
— 26 —
feita isenção de ânimo e liberdade de ação.
PERGUNTA: — Referimo-nos à possível inconveniência
de tratarmos desse assunto, porque o enfeitiçamento, além
de contestado por muitos espíritas que seguem as diretrizes
básicas do Espiritismo codificado, parece-nos assunto até
apavorante para as mentes comuns.
RAMATIS: — Em geral, as mentes comuns, quer pela
sua ignorância ou pelo habitual descontrole mental e emoti-
vo, são justamente as mais responsáveis pelo enfeitiçamento
verbal, mental e físico, que ainda se manifesta na face da
Terra. O desconhecimento ou a descrença do feitiço não vos
livra dos seus resultados ignóbeis e funestos, ainda pratica-
dos por quase toda a humanidade!
Também é estranho que os espíritas, bem mais esclare-
cidos do que os religiosos dogmáticos e conservadores, ainda
se mostrem temerosos de examinar o problema da feitiçaria
e conhecer a verdade sobre o seu processo e mecanismo fun-
damental. Jamais poderemos solucionar os problemas espi-
nhosos ou desagradáveis da vida humana, copiando a lenda
do avestruz, que, diante do perigo, enfia a cabeça na areia!
A bruxaria é assunto a ser examinado e pesquisado com
toda isenção de ânimo, sem qualquer preconceito religioso,
científico ou moral, decorrentes de convenções e sentimenta-
lismos humanos. É melhor que isso seja comprovado ou des-
mentido, sem quaisquer temores, do que lhe ignorarem a
realidade por falsa suscetibilidade, embora se trate de assun-
to desagradável e controvertido.
PERGUNTA: — Alguns espíritas alegam que é muito
perigoso divulgar-se em público o mecanismo tenebroso do
feitiço, ante a imprudência de contribuirmos para o
aumento do mal.
RAMATIS: — Sob a nossa opinião, a feitiçaria tão tra-
dicional é um processo bastante ingênuo e inofensivo, com-
parada ao pavoroso feitiço da “bomba atômica”, que, em
poucos minutos, matou mais de 120.000 pessoas no Japão!
CAPÍTULO 2
Enfeitiçamento verbal
PERGUNTA: — Que significa enfeitiçamento verbal?
RAMATIS:— O enfeitiçamento ou a bruxaria, na reali-
dade, pode efetivar-se pela força do pensamento, das pala-
vras e através de objetos imantados, que produzem danos a
outras criaturas. O enfeitiçamento verbal resulta de palavras
de crítica antifraterna, maledicência, calúnia, traição à ami-
zade, intriga, pragas e maldições. A carta anônima e até
mesmo a reticência de alguém, quando, ao falar, dá azo a
desconfiança ou dúvida sobre a conduta alheia, isso é um
ato de enfeitiçamento. O seu autor é responsável perante a
Lei do Carma e fica sujeito ao “choque de retorno” de sua
bruxaria verbal, segundo a extensão do prejuízo que venha
a resultar das palavras ou gestos reticenciosos desfavoráveis
ao próximo.
A palavra tem força, pois é o veículo de permuta do
pensamento dos homens, os quais ainda não se entendem
pela telepatia pura, conforme acontece noutros planetas
adiantados.
1
Consoante a significação, a intensidade e o
motivo da palavra, ela também se reveste de igual cota de
matéria sutilíssima do éter-físico, sobre aquilo que ela defi-
ne. Quando a criatura fala mal de alguém, essa vibração
mental atrai e ativa igual cota dessa energia das demais pes-
soas que a escutam, aumentando o seu feitiço verbal com
nova carga malévola. Assim, cresce a responsabilidade do
1 — Vide o capítulo "Idioma, Cultura e Tradições", da obra A Vida no Pla-
neta Marte, de Ramatis.Ramatis
— 48 —
maledicente pelo caráter ofensivo de suas palavras, à medi-
da que elas vão sendo divulgadas e apreciadas por outras
mentes, atingindo então a vítima com um impacto mais
vigoroso do que o de sua força original. O malefício verbal
segue o seu curso, pessoa por pessoa, assim como a bola de
neve se encorpa lançada costa abaixo!
A mobilização de forças através do verbo é predominan-
temente criadora,
2
é uma ação de feitiçaria de consideráveis
prejuízos futuros para o seu próprio autor, pois as palavras
despertam idéias e estas, pelo seu reflexo moral de “falar mal”
de outrem, produzem a convergência de forças repulsivas, as
quais se acasalam à natureza do pensamento e do sentimen-
to, tanto de quem fala como de quem ouve. Sem dúvida, esta
espécie de bruxaria através de palavras, também varia confor-
me a culpa e a responsabilidade da criatura.
PERGUNTA: — Poderíeis explicar-nos melhor esse assunto?
RAMATIS:— Evidentemente, a pessoa que fala mal de
outrem só por leviandade, há de ser menos culpada espiri-
tualmente do que quem o faz por maledicência, inveja, sar-
casmo, ódio ou vingança. No primeiro caso, as palavras não
possuem a força molesta própria de uma deliberação malé-
vola consciente. A criatura leviana é menos responsável do
que a maldosa; porém, aquela que se concentra na ação deli-
berada de prejudicar alguém pelo pensamento, pela palavra
ou pela bruxaria através de objetos preparados, movimen-
tando forças tenebrosas contra o próximo, elabora ou cria o
seu próprio infortúnio.
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segunda-feira, 25 de abril de 2011
Magia Da Redenção (Ramatis)
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