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quarta-feira, 18 de agosto de 2010



CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS

 (Entrevista com Roberto Shinyashiki)


A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.
Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.


ISTO É - Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter  carro importado, viajar de primeira classe.

O mundo define que poucas pessoas deram certo.

Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.

E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.

Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa.

Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe.

O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.

Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.

São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.



ISTO É -O Sr. citaria exemplos?

Shinyashiki --  Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.

Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.

Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.

Acho lindo  quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'.

É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.

O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.

Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio.

Por que tanta gente se mata?

Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa  décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.



ISTO É -- Qual o resultado disso?

Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoce.

O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão  aparece.

A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança.

Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.. Essas crianças  serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas.

Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.



ISTO É - Por quê?

Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.

É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.

As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.

Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas  palavras.

Disse que ela não parecia demonstrar interesse.

Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um   emprego na contabilidade, e não de relações públicas.

Contratei-a na hora.

Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.



ISTO É - Há um script estabelecido?

Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um  presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'?

- Qual é seu defeito?

Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:

- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.

É exatamente o que o Chefe quer escutar.

Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?

É contratado quem é bom em conversar, em fingir.

Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.

O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:

'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'.

Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!



ISTO É - Temos um modelo de gestão  que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki -Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade  de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e  não se preocupam com o conhecimento.

Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.

Cuidado com os burros motivados.

Há muita gente motivada fazendo besteira.

Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado.

Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.

Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado.

Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia.

O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.



ISTO É - Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.

Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.

Antes, o ter conseguia substituir o ser.

O cara mal-educado  dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.

Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.

As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. 

E poucos são  humildes para confessar que não sabem.

Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim.

Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.



ISTO É -Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki -Isso vem do vazio que sentimos.

A gente continua  valorizando os heróis.

Quem vai salvar o Brasil? O Lula.

Quem vai  salvar o time? O técnico.

Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.

O problema é que eles não vão salvar nada!

Tive um professor de filosofia que dizia:

'Quando você quiser entender a essência do ser

humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a  rainha Elizabeth também tem diarréia.

Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.

A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.



ISTO É - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem  superfracassado.

A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza.

Não há nada de errado nisso.

Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram.

A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.



ISTO É - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki -Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.

Há várias coisas que eu queria e não consegui.

Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.

Com uma criança especial, eu aprendi que,  ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que  fosse.

Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.

O resto  foram apostas e erros.

Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo.

Um amigão me perguntou:

'Quem decidiu publicar esse livro?'

Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.



ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as  pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.

São três fraquezas:

A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.

Os Beatles foram  recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.

Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.

Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.

Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.

O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.



ISTO É - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro  loucuras da sociedade...

A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais.

A segunda loucura é:

Você tem de estar feliz todos os dias.

A terceira é:

Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.

Por fim, a quarta loucura:

Você tem de fazer as coisas do jeito certo. 

Jeito certo não existe.

Não há um caminho único para se fazer as coisas.

As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.

Felicidade  não é uma meta, mas um estado de espírito.

Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.

Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou  indo à praia ou ao cinema.. 

Quando era recém-formado em São Paulo , trabalhei em um hospital de pacientes terminais.

Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.

Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.

A maior parte pega o médico pela camisa e diz:

'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora  eu quero aproveitá-la e ser feliz'.

Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.

Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado  muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

domingo, 15 de agosto de 2010

A Kabbalah e os Orixás

 

Cultura afro-brasileira e sua correlação direta com a Kabbalah e com a estrutura da Árvore da Vida. Muita gente esquece que o Egito fica na África e que os cultos antigos africanos tiveram origem nas mesmas fontes que o culto judaico (e posteriormente Cristão e Católico).

Omulu

Obaluaiyê quer dizer “rei e dono da terra”; sua veste é palha e esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado a terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol – calor que lembra a febre das doenças infecto-contagiosas. O lugar de origem de Obaluaye é incerto, há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá (ou Nupê) e se esta é ou não sua origem seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Conta-se em Ibadã que Obaluaye teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obaluaye era originário em Empê ( Tapá ) e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatros cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas.
Obaluaye representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha (AZÊ) que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol diretamente. Esta forte mente relacionado os troncos e os ramos das árvores e transporta o axé preto, vermelho e branco. Sua matéria de origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espiritos contidos na terra. O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas. Usa também bradga, um colar grande de cauris. É interessante notar que a lenda de Omulu/Obaluaye mescla toda a transição alquímica, da TERRA até o SOL (ou transformação de Chumbo em Ouro), tal qual diversas outras mitologias e seus heróis na jornada de Malkuth até Tiferet.
Na mitologia católica, Omulu é sincretizado com São Lázaro.

Iemanjá

Yemoja na Africa Iemanjá, cujo nome deriva de Yèyé omo ejá (“Mãe cujos filhos são peixes”), é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemoja. As guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX. Evidentemente, não lhes foi possível levar o rio, mas, em contrapartida, transportaram consigo os objetos sagrados e os suportes do axé da divindade. Yemanjá seria a filha de Olorum, Deus único, e é considerada o orixá do mar. Do casamento de Oxalá e Iemanjá (O Casamento alquímico entre o Sol e a Lua) nasceram todos os demais orixás.
Deusa das águas, mares e oceanos, é a manifestação da procriação, da restauração, das emoções e símbolo da fecundidade. Está associada ao poder genitor, a interioridade, aos filhos contidos em si mesma. Seu adedé (leque) simboliza a cabeça mestra. Ela é muito bonita, vaidosa e dança com o obebé (espelhinho) e pulseiras. Na Nigéria ela é patrona da sociedade Geledes, sociedade feminina ligada ao culto das Yamis, as feiticeiras. No Rio de Janeiro, Santos e Porto Alegre, o culto a Iemanjá é muito intenso durante a última noite do ano, quando centenas de milhares de adeptos vão, cerca de meia noite, acender velas ao longo das praias e jogar flores e presente no mar.
Iemanjá está diretamente relacionada a Yesod e corresponde a todas as deusas lunares e guardiãs dos mistérios, como Ísis, Hecate, Selene e Diana. Na mitologia católica, está relacionada a Nossa Senhora dos Navegantes.

Exú

Mensageiro dos Orixás, ele é o primogênito do universo no mito da gênesis dos elementos cósmicos. É o resultado da integração água e terra, masculino e feminino, sendo o terceiro elemento. Cultuado entre os Orixás, apenas por seu intermédio é possivel adorar as Yabás-Mi (as feiticeiras). Traçar e abrir caminhos é uma das suas principais atividades, pois ele circula livremente entre todos os elementos do sistema. É o princípio da comunicação. Esta fortemente representado no Opon-Ifá (tábua adivinhatória de Ifá – Deus da Adivinhação) pelos triângulos e losângulos. O sistema oracular funciona graças a ele. Está profundamente associado ao segredo da transformação de materiais em indivíduos diferenciados. Exú é o alter ego de todos os indivíduos. É o princípio dinâmico da expansão (evolução), agente de ligação, princípio do nascimento de seres humanos, princípio da reparação (causa/efeito). Exerce o papel de propulsor do desenvolvimento, de mobilizador, de fazer crescer, de ligar, de unir o que está separado, de transformar, de comunicar e de carregar. Todos os Orixás necessitam de suas forças, pois ele está ligado à evolução e ao destino de cada um.
Exú é o primeiro que se serve e se cultua, é o Senhor, o decano de todos os elementos.
Exú representa a esfera de Hod está relacionado diretamente com Toth, Hermes, Mercúrio, Loki, Anansi, Ogma, Prometeus e todos os deuses e heróis professores e responsáveis por carregar os ensinamentos do Divino para os Homens. Hod faz a ponte da linguagem, entre os sentimentos e o pensamento abstrado, sem o qual não haveria o método científico nem o armazenamento do aprendizado.
Apesar de ser um dos mais importantes Orixás, a Igreja Católica, através dos picaretas Jesuítas, sincretizou o Exú na figura do Diabo, associando ao demônio elementos como o tridente, a cor vermelho e preta e o falo. Os ignorantes das Igrejas Neopentecostais propagam esta besteirada em suas perseguições às outras religiões e cultos, gerando muito do preconceito em relação aos Umbandistas e praticantes das religiões afro-brasileiras.

Oxum

Dona das águas. Na áfrica, mora no rio oxum. Senhora da fertilidade, da gestação e do parto, cuida dos recém-nascidos, lavando-os com suas águas e folhas refrescantes. Jovem e bela mãe, mantém suas características de adolescente. Cheia de paixão, busca ardorosamente o prazer. Coquete e vaidosa, é a mais bela das divindades e a própria malícia da mulher-menina. É sensual, exibicionista, consciente de sua rara beleza. Se utiliza desses atributos com jeito e carinho para seduzir as pessoas e conseguir seus objetivos.
Osun é chamada de Yalodê, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade, além disso, ela é a rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre as águas doces, sem a qual a vida na terra seria impossível. Dança de preferência sob o ritmo de sua terra: Igexá. Sua dança lembra o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora. Oxum está relacionada diretamente com Netzach e corresponde às deusas da beleza de todos os panteões, como Vênus, Afrodite, Ishtar, Astarte, Frigga e Lakshmi. Na mitologia católica, Oxum equivale a Nossa Senhora da Conceição.

Oxalá

Oxalá, Orixalá ou Oxalufan é a primeira forma de orixá que foi criada por Olorun, no início dos tempos, sendo associado ao ar, que existia antes da criação da Terra, e também à água do início da existência. Oxalufan está ligado à cor branca, ou incolor, sendo o primeiro na hierarquia dos fun-fun (os que vestem branco). Detém o axé da criação de todos os seres da Terra. Está ligado à gênese do universo e foi o primeiro orixá criado por Olorun. Representa a maturidade, a sabedoria e o equilíbrio. Veste-se inteiramente de branco, sendo responsável pela manutenção da paz e da tranqüilidade entre os seres criados.
Na mitologia africana, é considerado o pai de todos os orixás e de todos os seres vivos, sendo, por esse motivo, constantemente reverenciado em festas públicas e diversos rituais. Está sempre presente nas antigas lendas, representando a figura veneranda de um pai. Sua posição é muito destacada, tendo o respeito de todos os orixás, que se curvam à sua presença.
Oxalá (o Sol) é pai de todos os principais Orixás, junto com Iemanjá (a Lua), dos quais simbolicamente resultam do Casamento Alquímico de Osíris-Ísis. Corresponde a Jesus Cristo na mitologia católica, a Apolo, Buda, Krishna, Mithra, Baldur e todos os deuses solares dos Panteões.
A Correspondência sefirática de Oxalá é Tiferet.

Ogum

Divindade masculina iorubá, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal, Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exú, está mais próxima dos seres humanos. O Guerreiro sempre foi a figura mítica do deus mais invocada, já que é sua função realizar no astral as guerras que os seres humanos não conseguem travar ou vencer na sua luta cotidiana.
Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela umbanda, onde é muito popular. É sincretizado comumente com São Jorge, tradicional guerreiro dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.
Ogum é aquele que gosta de iniciar as conquista mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas. Na África Ogum é o Deus do ferro ,a divindade que brande a espada e forja o f erro, transformando-o no instrumento de luta. Assim, seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam o ferro: ferreiros, barbeiros etc…É por extensão o orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia.
Tem correspondência com Thor, Ares, Hefaestus, Marte, Vulcano, Bodicea, Indra e Hórus. Com todos os deuses ligados à guerra ou ao manejo do ferro.

Oxóssi

Numa visão antropológica os orixás são vibrações de energia, cada um numa faixa própria, com as quais os seres humanos se identificam, o que justifica a existência de “filhos” de diferentes orixás. Numa visão teológica, os orixás são divindades s serem respeitadas e cultuadas por seu filhos, que com eles entrariam em contato através de diferentes rituais disseminados na cultura tribal africana e que no Brasil estão agrupados sob o rótulo de uma religião: o Candomblé e a Umbanda.
Nesse sentido, dois orixás iorubás fogem da tradição básica: o mago Ossain, o solitário senhor das folhas e Oxóssi , o caçador. Ambos são irmãos de Ogum na maior parte das lendas e possuem o gosto pelo individualismo e o ambiente que habitam: a floresta virgem, as terras verdes não cultivadas. A floresta é a terra do perigo, o mundo desconhecido além do limite estabelecido pela civilização iorubana, é o que está além do fim da aldeia. Nela o homem não tem a proteção da organização social, do maior número de pessoas. Os caminhos não são traçados pelas cabanas, mas sim pelas árvores, o mato invade as trilhas não utilizadas, os animais estão soltos e podem atacar livremente. É o território do medo. Oxóssi é o orixá masculino iorubá responsável pela fundamental atividade da caça. Ossain é o Senhor do conhecimento de todas as ervas e também do Ifá.
Esta correlação de Chesed com o Santo Graal Cristão, detentor de todo o conhecimento esotérico, traz paralelos com Wotan e Odin, senhores das Runas, e com Zeus/Júpiter, o detentor de todo o conhecimento.

Nanã

Nanã é o vodun (orixá) da nação Gêge, de tempos imemoriais. Está associada aos mitos da criação da Terra, sendo a precursora de todas as divindades que têm o poder de gerar a vida. É o lado feminino dos criadores do mundo. Grande Senhora das terras molhadas e fecundas, com a qual foram criados todos os seres, reina na lama, que formou a Terra, nas águas paradas e pântanos. Ao mesmo tempo em que dá vida às criaturas, faz com que retornem ao seu elemento de origem para, mais tarde, renascerem na Terra, formando o ciclo da vida e da morte.
Por ser a detentora dos conhecimentos mais profundos e antigos dos Orixás, Nanã corresponde diretamente a Daath, a sephira do Conhecimento e guardiã dos maiores mistérios da Criação.


Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras. É, portanto, o principal tronco dos candomblés do Brasil. Xangô é o rei das pedreiras, Senhor dos coriscos e do trovão, Pai de justiça e o Orixá da política. Guerreiro, bravo e conquistador, Xangô também é conhecido como o Orixá mais vaidoso, entre os deuses masculinos africanos. É monarca por natureza e chamado pelo termo Oba, que significa rei. E é o Orixá que reina em Oyó, na Nigéria, antiga capital política daquele país.
No dia a dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos. Encontramos Xangô nas lideranças de sindicatos, associações, movimentos políticos, nos partidos políticos, nas campanhas políticas, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, a vontade, a iniciativa. Xangô é a rigidez, a organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso cultural e social, a voz do povo, o levante, a vontade de vencer.
Xangô é a capacidade de organizar e pôr em prática os projetos de diferentes áreas, é a reunião de pessoas, para discutirem pontos e estratégias de trabalho. Xangô também é o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança.
Xangô traz as Rígidas leis de Binah, a Esfera da Restrição e das Leis. Não as leis dos homens, mas as leis imutáveis da física e da natureza, dos quais ninguém pode escapar.
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Deusa da espada de fogo, Dona das paixões, Iansã é a Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais. Orixá do fogo, guerreira e poderosa. Mãe dos eguns, guia dos espíritos desencarnados, Senhora dos cemitérios.
Não é muito difícil depararmo-nos com a força da Natureza denominada Iansã (ou Oyá). Convivemos com ela, diariamente.
Iansã é o vento, a brisa que alivia o calor. Iansã é também o calor, a quentura, o abafamento. É o tremular dos panos, das árvores, dos cabelos. É a lava vulcânica destruidora. Ela é o fogo, o incêndio, a devastação pelas chamas.
Oyá é o raio, a beleza deste fenômeno natural. É o seu poder. É a eletricidade. Iansã está presente no ato simples de acendermos uma lâmpada ou uma vela. Ela é o choque elétrico, a energia que gera o funcionamento de rádios, televisões, máquinas e outros aparelhos. Iansã é a energia viva, pulsante, vibrante.
Sentimos Iansã nos ventos fortes, nos deslocamentos dos objetos sem vida. Orixá da provocação e do ciúme.
Iansã também é a paixão. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax, o orgasmo do homem e da mulher. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase “estou apaixonado” tem a presença e a regência de Iansã, que é o Orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúmes doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão, propriamente dita.
Iansã é a disputa pelo ser amado. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado, no campo amoroso. É até mesmo a vontade de trair, de amar livremente. Iansã rege o amor forte, violento.
Oyá é também a senhora dos espíritos dos mortos, dos eguns, como se diz no Candomblé. É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma.
Iansã corresponde ao Caos primordial, à fúria dos elementos naturais da criação, representada na Esfera de Hochma.
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Olorum não é propriamente um orixá. Não tem filhos na Terra e, por isso, não se manifesta – isto é, não “baixa” – em ninguém.
Não participa do cerimonial do Candomblé, não exige oferendas nem comidas caprichadas ou vestimentas especiais.
Na verdade, Olorum – que alguns chamam de Olodumaré – está acima dessas e de outras necessidades materiais.
Senhor de todas as coisas, ele é o princípio criador. Sem sua permissão, Odudua – orixá que ora se apresenta como homem, ora como mulher – não teria gerado o mundo, nem Oxalá poderia dar vida aos homens.
Olorum não é homem nem mulher, não tem características humanas, nem se envolve nos problemas do dia-a-dia.
Sua única ligação com os homens acontece por intermédio dos orixás e do arco-íris – que, segundo a lenda, ele criou especialmente para esse fim, em apenas quatros dias.
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Ibejis são divindades gêmeas infantis, é um orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.
Divide-se em masculino e feminino,(gêmeos). Em Oyó cultua-se como erês ligado a qualidades de Sangô e Osun. Popularmente conhecido como xangô e oxun de ibeji.
Os orixás gêmeos protegem os que ao nascer perderam algum irmão (gêmeo), ou tiveram problemas de parto. Em algumas casas de candomblé e batuque são referidos como erês (crianças) que se manifestam após a chegada do orixá chamados de ase erês ou asêros.
Por serem gêmeos, estão ligados ao princípio da dualidade e de tudo que vai nascer, brotar e criar.
Ibeji, assim como Tempo, não faz parte das Esferas, mas é a Primeira Manifestação do Ain-Soph, gerando os dois Pilares do Yin e Yang. Desta maneira, podemos colocá-los em Keter, como o primeiro aspecto de dualidade na manifestação de Olorum na criação.
Crentes e Ateus, em suas cabecinhas ocas, costumam pensar que os orixás ou deuses das culturas antigas e atuais são de verdade (uns crendo, outros descrendo), quando, em realidade, nada mais são do que o fruto da observação de aspectos psicológicos do próprio ser humano, descritos pelos olhos da cultura daquele tempo e espaço no Planeta Terra. Estudar e conhecer os deuses é conhecer o próprio ser humano e obrigação de qualquer pessoa que queira se dizer culta.
Quando as pessoas entenderem que os únicos deuses que existem estão dentro de você mesmo e não em figuras entalhadas, e começarem a admirá-los pelo que eles são: MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS, talvez começaremos a migrar para um mundo mais civilizado e belo.







Compartilhado com respeito de   http://www.sedentario.org  visitem esse site são pessoas muito inteligentes.




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